2018, da defesa ao ataque
Após longo período recessivo, e uma onda de demissões em cargos de liderança, empresas voltam a buscar executivos para se preparar ao cenário pós-crise
Já começou a caçada por executivos mais agressivos para promover mudanças estratégicas, adotar novas tecnologias e preparar as empresas para a retomada do crescimento. Mas isso, de fato, é um acontecimento distinto do que presenciamos entre 2014 e o começo de 2017, onde o mundo corporativo vinha dedicando esforço quase exclusivo à contenção de investimentos e cortes de custos, o que provocou uma onda de demissões em cargos de lideranças.
Em alguns setores, a retração pode ainda não ter chegado ao fim, mas diante da perspectiva de retomada, mais empresas começam a agir com uma visão além da crise.
Aos poucos, elas estão voltando ao mercado em busca de líderes que possam reforçar seus times na parte superior da pirâmide. Surge ainda uma caçada por executivos capazes de preparar a empresa para um novo cenário.
Em 2018 a expectativa é de um movimento gradual de retomada, permeado por cautela, e puxado por quem tem mais apetite ao risco.
Como a crise deixou claro que havia excessos nas companhias, a tônica da otimização seguirá muito presente. Não se espera, portanto, um retorno aos patamares de pico.
Nas companhias que tentam enxergar mais adiante, o perfil dos executivos inclui expertises que antes não eram comumente enfatizadas. A liderança ideal passa a ser aquela que consiga ter a visão do longo prazo e ao mesmo tempo, que luta pelo presente. Sem descuidar da efetividade operacional e dos negócios da empresa. São executivos que demonstram aptidão por tecnologia e inovação, iniciativas para aprimorar modelos arcaicos e não rentáveis, flexibilidade, boa análise de mercado e que carreguem uma cultura de governança pautada pelas atuais melhores práticas. Experiências em outros setores podem ser um diferencial, para arejar visões viciadas.
A demanda por práticas de compliance atrelada aos desdobramentos de casos como os da Lava Jato também tem contribuído para engrossar a abertura de vagas de liderança, assim como os índices de confiança do brasileiro com encaminhamento do cenário político com aprovações de medidas como a PEC do teto dos gastos e o gradual avanço de reformas como às das leis trabalhistas, ficha limpa e previdência.
Vale também o registro que a baixa no mercado entre 2014 e 2017 provocou significativas mudanças na forma de contratação. Os processos ficaram mais longos, com mais candidatos, e as exigências mais complexas. Hiring bonus comumente oferecidos para atrair talentos no “boom”, hoje raramente acontecem. Os níveis salariais estão estáticos (ou caíram) e a exigência intelectual subiu.